sábado, 27 de abril de 2013

Ensaios e Fios


Há dois meses atrás inexplicavelmente desapareceram minhas anotações dos dez primeiros ensaios. Tanto eu, como o diretor quase entramos em pânico, coisas importantes se foram nesses escritos. Mas, penso eu: talvez essa perda fosse uma abertura para outras idéias surgirem ou talvez fosse necessário que desaparecessem, assim, é nosso mágico e misterioso teatro. Sei que formatei um método de trabalho, juntamente com o diretor, que privilegiou dois aspectos inicialmente: controle e contenção dos aspectos psico-físicos, emocionais e até espirituais da minha interpretação, bem como, manipulação consciente das minhas possibilidades bioenergéticas. Projetamos um experimento teatral que privilegiasse o fazer artesanal, a pesquisa e o acordo entre os realizadores. Concluída a primeira fase, onde conseguimos boa parte dos objetivos iniciais, evoluímos para uma perspectiva mitopoética da personagem.Todavia, a pesquisa sobre energia vibracional continua sendo a tônica do meu treinamento diário, aliada a um forte trabalho de reconfiguração do movimento, gestos e símbolos. Tudo isso, fundamenta a racionalização de uma metologia de trabalho. Chega então, o ponto mais complexo e difícil para mim nesse processo. Alguns ensaios foram conflituosos, reagente e agressivo no meu ponto de vista, por muitas vezes não concordava com as colocações da direção, perdia o equilíbrio, chorava, refletia...

Questionava: será que em determinados momentos fui injusta ou não entendi o que o diretor propôs? Ou a direção se equivocou? Talvez esse ensaio tenha sido o mais proveitoso, aprendemos com as nossas fragilidades, houve um ganho das duas partes envolvidas, creio eu. Ouvi poucas e boas do diretor, não disse mais nada, assumo que eu estava armada e cheia de abuso. Até o próximo ensaio! Amém.

Silmara Silva
23/04/2013

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