domingo, 28 de abril de 2013

Preparação Corporal - Wushu Moderno - Profª Yeda Gabriela


Mas afinal, o que faz um preparador corporal de atores?

Nesta investigação, ponho a prova hoje que o Teatro Brasileiro de Expressão Piauiense, constitui-se como um campo de conhecimento a ser explorado. Creio que para entender as especificidades da função de preparador o profissional deva conhecer com exatidão as organizações funcionais básicas, de modo empírico e teórico. A partir de múltiplas experiências de movimentos. Deverá desenvolver um aguçado senso de observação, além de decifrar sinais de comunicação contidos no corpo do ator. E saber lidar com as diferentes atitudes corporais que se revelam nesses sinais. Tanto o ambiente psico-social e, cultural, onde acontece a preparação corporal, quanto as relações que se estabelecem entre o preparador e o diretor, por exemplo, são importantes para o bom desenvolvimento do processo de criação teatral.

Há dois meses venho treinando exaustivamente meu corpo com as técnicas do Wushu Moderno (é um esporte de alto rendimento - baseado nas artes marciais chinesas). Foi uma escolha em consenso entre eu e o diretor. Necessitávamos de um desempenho pessoal através do meu equilíbrio mental e motora. E, está modalidade proporciona um ótimo condicionamento físico, saúde, disposição, autoconfiança e auto-estima. Ingredientes fundamentais para o sucesso de um corpo poderoso em cena. Disciplina e perseverança são dois focos de crescimento nessa preparação corporal ministrada pela minha personal Yeda Gabriela - Educadora Física e aspirante a Bióloga e praticante de Kung Fu Shaolin do Sul.

"Como o material do ator é o próprio corpo, esse deve ser treinado para obedecer, para ser flexível, para responder passivamente aos impulsos psíquicos , como se não existisse no momento da criação, não oferecendo resistência alguma. A espontaneidade e a disciplina são os aspectos básicos do trabalho do ator e, exigem uma chave metódica". (Jerzy Grotowski)






Silmara Silva

09/03/2013





sábado, 27 de abril de 2013

Ensaios e Fios


Há dois meses atrás inexplicavelmente desapareceram minhas anotações dos dez primeiros ensaios. Tanto eu, como o diretor quase entramos em pânico, coisas importantes se foram nesses escritos. Mas, penso eu: talvez essa perda fosse uma abertura para outras idéias surgirem ou talvez fosse necessário que desaparecessem, assim, é nosso mágico e misterioso teatro. Sei que formatei um método de trabalho, juntamente com o diretor, que privilegiou dois aspectos inicialmente: controle e contenção dos aspectos psico-físicos, emocionais e até espirituais da minha interpretação, bem como, manipulação consciente das minhas possibilidades bioenergéticas. Projetamos um experimento teatral que privilegiasse o fazer artesanal, a pesquisa e o acordo entre os realizadores. Concluída a primeira fase, onde conseguimos boa parte dos objetivos iniciais, evoluímos para uma perspectiva mitopoética da personagem.Todavia, a pesquisa sobre energia vibracional continua sendo a tônica do meu treinamento diário, aliada a um forte trabalho de reconfiguração do movimento, gestos e símbolos. Tudo isso, fundamenta a racionalização de uma metologia de trabalho. Chega então, o ponto mais complexo e difícil para mim nesse processo. Alguns ensaios foram conflituosos, reagente e agressivo no meu ponto de vista, por muitas vezes não concordava com as colocações da direção, perdia o equilíbrio, chorava, refletia...

Questionava: será que em determinados momentos fui injusta ou não entendi o que o diretor propôs? Ou a direção se equivocou? Talvez esse ensaio tenha sido o mais proveitoso, aprendemos com as nossas fragilidades, houve um ganho das duas partes envolvidas, creio eu. Ouvi poucas e boas do diretor, não disse mais nada, assumo que eu estava armada e cheia de abuso. Até o próximo ensaio! Amém.

Silmara Silva
23/04/2013

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Inquietações que Povoam - Temos que enfrentar nossos obstáculos ou não?


Em Setembro de 2012, eu estava encerrando uma temporada pelo norte do Brasil, e finalizando um ciclo de aprendizado e vivência em minha vida de atriz e artista. No final do ano, recebo um mimo dos organizadores do Troféu - Os Melhores do Teatro Piauiense - Melhor atriz de 2012, em reconhecimento ao meu trabalho   de atriz na cidade. Isso tudo só me impulsiona a trabalhar cada vez mais, em prol da nossa arte com muito respeito e disciplina. Voltando ao fechamento do ciclo eu, precisava desobstruir pessoas, trabalhos, lugares e repensar duramente meu fazer artístico teatral. Penso: "Que tarefa árdua e perigosa, as consequências podem ser agradáveis ou não". Na continuidade, fui observando-me, procurando evoluir diante dos contratempos, perdendo uns e ganhando sabedoria. Que me perdoe a modéstia! Bom, em Novembro do mesmo ano, inicio um novo ciclo, onde embarco em um processo, onde irei dialogar no maior desafio da minha vida de atriz. Chamo de "Solo" - (s.m. Trecho de música a ser executado por uma só pessoa ou um só instrumento - Dic. Aurélio). Porém não irei executar música e instrumento nenhum. Parafraseando -Um famoso teatrólogo do Séc. XXI, que diz: " Quando você assumi o fazer Teatral, é justamente para sair do óbvio, para fugir do senso comum, para ter uma intervenção na minha vida de um modo crítico, ou seja, pra gente ser sujeito da gente mesmo. Para estabelecer outras formas de relação, de comunicação, de aconchego, de afeto com as pessoas. Que o mundo tal e qual tá dado e posto roubou de nós essa capacidade.Irei sim, conversar sozinha em cena, com um público que será só meu naquele instante. Não escondo  meu medo, estou apreensiva, buscando confiança e tranquilidade e acreditando em mim. E, como está sendo puxado, dolorido, cansativo é, como se eu tivesse subindo em um penhasco e, quando eu chegar ao topo, sentirei a glória de todo meu esforço, dedicação, suor e amor. Indagada por uma amiga, que questiona por que vou trabalhar só em um espetáculo? Será egoísmo? Você não quer mais discutir em grupo o fazer teatral? Primeiro que quando decidi realizar este "Solo", não pensei em nenhuma dessas possibilidades, mas, sei que hoje discuto mais o prazer e a dor de um processo artístico do que quando tinha um GRUPO. Aliás grupos são ótimos, quando se tem sintonia, vontade de crescer e aprender juntos, respeito com a individualidade do outro e, principalmente foco no trabalho que está sendo desenvolvido. E, ultimamente estou vendo muito bando por ai, e grupos esses estão ficando poucos. Sim, por que do trabalho "só"? Gerou em mim uma necessidade, uma vontade e liberdade de ir além, de sair da mesmice, do prato feito de todos os dias. Um querer atravessar um processo ainda a ser desvendado, preciso saber até  onde vão meus limites. Preciso vivenciar esse meu momento, quebrar a cara se for preciso, eu acredito no trabalho, nas descobertas, nas pesquisas, nas inquietações. O que arte tem a me oferecer? Doses únicas de sabedoria, uma amplitude de mundo, de ser humano e, o teatro só é verdadeiro quando você se doa, atordoa, chora, questiona, se apaixona. Mas acima de tudo teatro tem que ser praticado, horas e horas por dia, nos ensaios e na mente. Tens que ser mostrado ao público sua verdade e a sua mentira. No que você realmente acredita. E, esse é um obstáculo que eu vou enfrentar em "Exercício Sobre Medéia". Oremos! (Silmara Silva)

Saudações Dionisíacas!



Hoje no ensaio foi pedido pelo diretor, uma investigação mais aprofundada da personagem "Medéia", tinha que desenvolver um jogo psicossomático, um fio que liga espirito e corpo, eu tinha que dá uma resposta imediata ao que foi pedido. Diante da dificuldade do exercício proposto, respirei profundamente, me concentrei e, busquei visualizar essa mulher, tentei descobrir seu passado, suas ausências, dores, amores, os grandes conflitos internos que atormentam ela. Medéia é uma Semi-Deusa, feiticeira por excelência. Mulher que carrega no corpo e na alma, ressentimentos, rejeição, ciúmes, abandono, uma paixão desmesurada e uma vida toda de vingança. Busquei não confundir as minhas necessidades de atriz com a da personagem, o que é muito difícil separar muitas vezes, controlar a emoção, um trabalho de auto-controle. Porém consegui corporificar os objetivos primeiramente, que a ação usada nesse tipo exercício sempre vai obedecer a lógica; que a ação será contínua e ininterrupta; simultânea, então temos dois aspectos como resultado: ação interior e exterior. Não existe ação sem objetivos. Meu núcleo do ensaio de hoje: Ir em busca da verdade do personagem, criar a vida de um espirito humano, dar vida para cena. (Silmara Silva)


Frase: "O ator deve se colocar a serviço de uma verdade". (Petter Brook)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Solo Teatral - "Exercício Sobre Medéia"

"Exercício Sobre Medéia" - É um experimento teatral onde a medida do correto, será, a perfeita concordância objetiva(estética), subjetiva(conceitual) entre diretor e intérprete. Isso deverá resultar em perspectivas concretas(desenvolvimento técnico-metodológico). O trabalho se encaminhará na trajetória de um treinamento(aprendizagem), onde quem dirige explora as possibilidades criativas, investigativas e vibratórias da atriz e, ao mesmo tempo, descobri-se com artífice de um espírito de direção onde o que vale é a descoberta do teatro que revela realidades invisíveis. Signos, símbolos e arquétipos são o próprio conhecimento da verdade. A atriz, por sua vez torna-se a irradiadora de todo trabalho cênico e consegue desenvolver-se técnica, estética e valorativamente como artista, ser cultural e humano. O esperado é uma encenação mitopoética. O experimento é sobretudo, um singrar de horizontes, mares inexplorados de forças, paixão e inventividades. Testemunho da fé consolidada de dois profissionais que crêem que o teatro pode contribuir com a vida do Piauí e da nação.


Sintetizando: “Exercício Sobre Medéia” é teatro vivo e autêntico. O único que realmente vale a pena a fazer. (O Diretor)